segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Torre (ou Carta XVI)

C  U  I  D  A  D  O
U  I  D  A  D  O  C
I  D  A  D  O  C  U
D  A  D  O  C  U  I
A  D  O  C  U  I  D
D  O  C  U  I  D  A
O  C  U  I  D  A  D


O raio cairia de qualquer forma. Acertaria sua torre mais alta e lançaria os dois para certa queda incerta. Abalaria seu mundo e explodiria tudo aquilo em que acredita, quebrando-se e caindo os cacos.

Apenas aquilo que é real permanece.

O terremoto viria de qualquer forma. Levaria suas sólidas bases e lançaria os dois para uma inconfortável prisão de pedra e concreto. Estremeceria seu mundo e faria com que tudo aquilo que fosse dado como certo ruísse debaixo para cima, do bem construído alicerce ao teto.

Apenas aquilo que é real permanece.

O fogo viria de qualquer forma. Danificaria suas fortes paredes e sufocaria os dois em fumaças e cinzas. Queimaria seu mundo e faria com que tudo aquilo que fosse dado como correto se consumisse nas chamas de sua própria paixão.

Apenas aquilo que é real permanece.

O mar viria de qualquer forma. As ondas bateriam contra suas estruturas e derrubaria os dois para uma gelada e profunda mudança. Inundaria seu mundo e faria com que tudo aquilo que fosse dado por imutável encontrasse uma correnteza de incertezas.

Apenas aquilo que é real permanece.


A brisa veio ao amanhecer;
O chão se fez firme ao amanhecer;
O fogo destruidor se apagou ao amanhecer;
As ondas recuaram ao amanhecer;


E novamente, como sempre, podemos construir nosso sagrado refúgio. Para que enfim, seja destruído e o ciclo de fraqueza nos faça mais forte.

E a torre? Quanto mais poderosa e forte, maior a tempestade.