POEMA AO SOL
Sol que me ilumina a face
E me silencia a dor.
Sol que encanta os olhos
Sol que dá vida a flor.
Sol que me faz voar
Nas plumas dos seus raios.
Sol que pronuncia risonho
Um poema de abraçar.
Sol que desperta a vida
No cantar dos pássaros,
No arrastar da brisa.
Sol que me traz a calma
Abraça-me com sua luz
E da-me paz a alma.
E me silencia a dor.
Sol que encanta os olhos
Sol que dá vida a flor.
Sol que me faz voar
Nas plumas dos seus raios.
Sol que pronuncia risonho
Um poema de abraçar.
Sol que desperta a vida
No cantar dos pássaros,
No arrastar da brisa.
Sol que me traz a calma
Abraça-me com sua luz
E da-me paz a alma.
TiaoNascimento
(http://www.tiaonascimento.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=421128)
O rio corria limpo aos seus pés. Deitou-se para esticar a
coluna e arrumou o óculos que insistia em cair quando estava suando. Mexeu os
dedos dos pés embaixo da água enquanto abria os braços e sentia o calor do sol
o tocando.
- Céu azul, você percebeu? – Perguntou o humanoide.
- Sim, dia maravilhoso. – Respondeu o rapaz.
- Já fez o que tinha de fazer?
- Sim, tudo.
- Limpou o espelho?
- Até mesmo devolvi para sua dona.
- Alimentou os lobos?
- São cães. Se eu der mais comida irão engordar.
- Limpou a casa?
- Está cheirosa.
- Então é tempo de deitar e deixar o sol te aquecer?
- É passada da hora.
- Posso então tocar uma melodia?
- Claro meu amigo.
O sátiro tirou a flauta do bolso e colocou-se a tocar a
história de um antigo deus que venceu um dragão e dele obteve um oráculo. Este
mesmo deus viveu outras grandiosas histórias e por vezes sofria por desdenhar
de outros deuses, como quando o vento matou por inveja, o seu mais belo e
estimado amor.
- Arcos, flechas, conquistas, amores. Uma bela música.
- Tragédias, algumas tragédias... principalmente quando seus
amores foram todos tirados dele.
- E não perdeu seu brilho.
- O deus sol nunca perde. Aliás, daqui, virando um pouco a
cabeça de lado... talvez seja só o sol a pino... ou a sombra próxima da
cerejeira, mas como ela não recai sobre você, imagino que não seja isso também.
Meu velho amigo, que luz apagada é essa?
Virou a cabeça para o fauno, suspirou.
- Tédio.
- Então coloque agora a se levantar, vá buscar o arco, vá
caçar.
- Hoje não Agreevos.
O sátiro se silenciou e olhou para as folhas da cerejeira
que balançavam levemente com a brisa.
- Há um rapaz, muito belo, que se banha no lago de baixo. Lá
perto onde tem tantas daquelas flores... como se chamam?
- Jacinto.
- Sim, este é o nome dele. Por que não vamos dar uma volta
por lá?
- É mesmo bonito? Vale a pena a caminhada?
- Por fora posso afirmar.
Levantaram-se e foram. Desceram a trilha e caminharam por
uma vegetação aberta que permitia alguns raios de sol passarem por suas
folhagens, encontraram alguns frutos suculentos e se divertiram fazendo o jogo
da verdade, em que cada um conta uma história de si mesmo e o outro deve
adivinhar se é verdade ou mentira.
Chegaram a um ponto da trilha que era possível ver o lago
logo abaixo. E nele, um jovem nadava nu, com a pele morena sendo tocada pelo
sol e pela água. Afundava, dava braçadas, se deliciava naquele dia quente.
- Bonito mesmo.
- Vá até lá, entre na água.
- Não, você é louco? Vou assustá-lo.
- Você também tem seus atributos, embora beleza não seja o
mais enaltecido deles.
Riram um para o outro e o rapaz escutou uma voz alta.
- Quem está aí? – Falou alto em certo tom tenso. O sátiro
empurrou o rapaz que quase rolou barranco abaixo até chegar ao lago. Por
reflexo, segurou um galho de árvore.
- Ahm... desculpe incomodá-lo... estava vindo para o lago e
bem... não sabia que tinha alguém aqui.
- Ah sim, eu já estou saindo... fique a vontade.
- Não se preocupe... venho outra hora.
O rapaz do lago fingiu não ouvir e embora fosse contar mais
tarde sobre a vergonha de estar nu, naquele momento o outro jamais poderia
imaginar.
Às margens do lago, estenderam as mãos e se cumprimentaram.
- Venho todos os dias por esse horário... se quiser
podemos... – percebeu que não tinha com o que completar a frase.
- Sim, podemos... tentarei vir amanhã. – Respondeu rapidamente
o outro.
Jacinto partiu rápido, talvez pela sensação de vergonha.
O sátiro que fez um balanço com cipós e magia, tocou mais
uma vez a flauta, fazendo o amigo lhe olhar com um sorriso.
- Obrigado.
- Hora, vejamos só se não temos um novo brilho aqui? Bem
quente por sinal.
Riram.
